Lançada pela Netflix em 2018, The Haunting of Hill House é inspirada num livro de 1953 escrito por Shirley Jackson e conta a história de uma família que, ao se mudar para uma das casas mais assombradas dos Estados Unidos, tem sua vida marcada para sempre.
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A série é protagonizada pelos irmãos Steve, Shirley, Theo, Luke e Nell Crain, se passando em duas linhas temporais diferentes. Há um revezamento extremamente coeso entre cenas no passado, durante a infância dos garotos na mansão mal assombrada, e no presente, aonde são mostradas as consequências disso na vida de cada um.
Se você espera mais uma trama genérica de espíritos, exorcismos e jumpscares baratos, nunca esteve tão enganado. Aqui vemos de maneira profunda o que um trauma passado pode representar na vida de uma pessoa e como a forma pela qual cada um lida com isso é decisiva em relação aos seus medos e anseios.
Como se não bastasse a riqueza que cada personagem apresenta em sua própria história com um desenvolvimento único, A Maldição da Residência Hill também tem uma ambientação impecável que, mesmo tendo parte da trama no passado, se desvincula de exageros visuais escancarados para mostrar que a cena se passa em outra época.
Ainda sobre os aspectos visuais, um ponto interessante são os easter eggs escondidos durante toda a temporada. Em diversos episódios, em especial no sexto, quando há grandes planos-sequência que percorrem o ambiente e mostram o mesmo local mais de uma vez, é possível ver estátuas que mudam de posição e até mesmo vultos e rostos fantasmagóricos no fundo que demandam muita atenção para serem notados. Todos, obviamente, são propositais para dar mais credibilidade à história que está sendo contada. A produção também é minuciosa ao ponto de espalhar detalhes visuais que apesar de passarem despercebidos, são cruciais para o que será mostrado episódios mais tarde e mesmo assim não comprometem diretamente a experiência de quem não foi capaz de notá-los de imediato.
Diferente de boa parte das produções de terror da última década, essa aposta fortemente no terror psicológico. Nunca descartando os jumpscares como um complemento, mas tendo o trauma interno, a dúvida e a negação como os principais fatores para construir a tensão em todos os episódios. Em contrapartida, há um balanço entre momentos sérios e descontraídos que torna a série muito mais “leve” para ser maratonada do que produções como American Horror Story, por exemplo, que se apoia fortemente nos gêneros gore e slasher.
A Maldição da Residência Hill é um sucesso absoluto e seus 10 episódios estão disponíveis no catálogo da Netflix. A série já está renovada para uma segunda temporada que, diferente da primeira, será baseada no livro de Henry Thomas conhecido no Brasil como “A Outra Volta do Parafuso”.
Tida por muitos como a melhor série de terror já feita, é não apenas um ótimo entretenimento para fãs do gênero, como agrada também a qualquer um que se interesse por um bom drama familiar. E o mais importante de tudo: preste muita, mas muita atenção nos detalhes!