Que a vida tem altos e baixos, alegrias e tristezas, mágoas, traições, perdões, preconceitos, méritos, esforços, resultados, recompensa, vitórias no dia a dia e por aí vai todos nós sabemos, é o que a vida pode proporcionar da maneira mais natural possível…Mas você já viveu no fundo do poço? Já chegou num ponto que parecia não conseguir sair? Escrevi um textão para o Setembro Amarelo…
Para você ter um efeito sonoro e sentir esse texto do jeito que ele foi vivido, colocarei a trilha sonora ouvida em toda essa aventura para você ouvir!
E por favor, se começar a ler, leia até o final, entenda a mensagem !
Setembro Amarelo era uma conscientização totalmente vaga na minha concepção, não havia sentido falar sobre depressão e suicídio por um mês e depois morrer o assunto. Pois bem, mas este setembro está diferente. Pela primeira vez, sinto uma necessidade de representar um pessoal que, provavelmente, não faz ideia que precisa de uma mão amiga… Ninguém sai de uma situação de pura tristeza sozinho, acredito fielmente que as palavras têm poder, portanto quero deixar aqui um relato pessoal de uma pessoa que viveu a depressão.
Nunca fui o mais popular da escola, o colegial estava sendo um período conturbado, cometi o que talvez seja o maior erro que um ser humano pode cometer para evitar uma possível depressão, eu nunca contava o que realmente sentia pra ninguém… Tinha até uma fama de mentiroso, confesso que realmente era um mentiroso compulsivo, mas tudo em prol de esconder mágoas pessoais. Em fevereiro de 2011, soube de uma triste notícia que um grande amigo meu da sexta série, Guilherme Vellozo, faleceu de leucemia. Como estudei na turma B na sexta série e estava na turma C naquele ano, ninguém sabia que esse aluno que morreu era alguém muito próximo a mim. Não chorei na hora, mas toda vez que eu fumava maconha eu chorava, e olhava na frente do espelho do banheiro e saia lágrimas sem parar, e eu me perguntava revoltado “porque eu estou chorando?”
Evitava demonstrar na escola essa tristeza dentro de mim. Meu pai, um conservador tradicionalista (radical diga-se de passagem) ficou extremamente irritado com o fato de seu filho gostar de queimar uma erva… Nas férias de julho do terceiro colegial, fui forçado a sair de São Paulo e morar no interior de Minas Gerais, para “fugir” dessa minha vida de rebelde, aconteceu uma briga muito séria entre pais de amigos meus e amigos meus, mas não vou entrar nestes detalhes, como eu não estava em São Paulo, sei apenas o que querem que eu saiba, então em julho de 2012 foi o começo da minha depressão, e isso é algo que vem lentamente e quando percebe, já se passou anos…
Sempre fui apaixonado por automobilismo, meu sonho de infância era ser igual Michael Schumacher, ninguém batia aquela Ferrari nas pistas, e era o meu grande exemplo de vida e de vitórias. Ao morar em Minas, passei a desistir de sonhos planejados, desisti também de muitos gostos que sempre tive, como jogar futebol e assistir corridas, simplesmente parei !
Em julho de 2013, volto a São Paulo para apenas passar férias, no qual tive de convencer meu pai por dias pelo telefone, pelo fato de algum motivo nunca dito, ele ter medo de eu estar em São Paulo. Na minha última semana de férias, já tinha 18 anos, e, inacreditavelmente, no único dia que havia uma ponta de baseado na minha mochila, ele resolve abrir sem minha permissão, achando duas Heinekens e o baseado. Quer saber o que aconteceu?
Fui internado numa clínica de reabilitação por ser usuário de cannabis. Sim ! Não julgo quem não gosta, mas vivendo duas semanas num internato com viciados em cocaína, crack, alcoolismo, consegui a proeza de ser ridicularizado por estar lá por uma erva. Segundo soco na cara que a vida me deu, estava totalmente sem clima para conversar com meu pai.
Saí, estudei para a FUVEST e passei na USP em 2014, em licenciatura em matemática. Cara, isso era exatamente o que eu precisava para um boom na autoestima, soube dessa aprovação no trabalho e a primeira pessoa que liguei para informar foi o meu pai, para minha tristeza, ele reagiu de uma forma sem graça, como quem não acredita no que está ouvindo, ouvi uma voz fina de sorriso amarelo algo como “aaah parabéns!” Enfim, minha euforia não ligou para esse fato!
Começou ali uma recuperação fantástica da minha vida, comecei a me envolver com garotas, saia, minha timidez tinha ido embora, eu vivi uma fase de plena felicidade como alguém que deu a volta por cima. Ia para as aulas, amava especialmente a aula do professor de física Gil Costa, era como estar vendo um episódio de Cosmos na sala de aula, sentava na frente, com os olhos brilhando, não conseguia prestar atenção nem na pessoa ao meu lado.
https://www.youtube.com/watch?v=uOzA23ibxjU
Em maio daquele ano, a USP entrou numa das maiores greves de sua história até então, comecei a me dispersar da faculdade, logo depois essas faltas nas aulas transformaram em desconcentração no trabalho, com os passar dos meses, passei a ter altas dificuldades de ter foco nas tarefas, meu pai pagou uma auto escola e eu não fui e nunca peguei o dinheiro de volta, claro que ele se revoltou, ele ficou maluco com isso, e com razão, claro!
Comecei uma vida de altos gastos com cervejas, a ponto de ter um grande apagão na no cruzamento da Brigadeiro Luis Antonio com a Paulista, durante um trote da Cásper Líbero, o que eu senti ali não é relevante para o que estou querendo te contar, mas até hoje não acredito que foi “apenas” álcool ali. Seguindo os meses finais de 2014, passei a vagar pela cidade a pé, sempre com uma cerveja não mão e um maço de Lucky Strike no bolso, com o fone de ouvido tocando principalmente Guns n Roses, especialmente o álbum Use Your Illusion II.
Iniciou aí uma vida solitária, vendo de fora hoje, foi o começo de me auto conhecer e saber quem sou eu, o que eu quero, quem eu quero por perto, porém de maneira triste. Havia conhecido uma garota, no qual a encontrava na faculdade dela, mas num desencontro, e por pura falta de paciência minha, tudo deu errado, e ela nunca mais quis me ver. Nós mandávamos indiretas nas postagens do tumblr um para o outro, mas esse término não acabou isso, pelo contrário, era o começo de uma vida que eu não estava entendendo mais nada se era real ou pura ilusão.
Sei que fiz tudo para ser demitido, mas fui demitido por mensagem de texto, na terça-feira de carnaval de 2015, ao mesmo tempo que me senti muito aliviado, me senti triste pela falta de profissionalismo da empresa. No dia seguinte comecei um trabalho como assistente em um campo de futebol de várzea, a verdade era que minha mãe estava de caso com o dono do campo e me deu o emprego na ocasião, claro que fiquei feliz por trabalhar com futebol, conheci times fantásticos, campeonatos profissionais da várzea, fui até árbitro da partida, foi uma aventura muito legal, mas tem dois pontos ali que me fez perder a cabeça.
O fato do meu chefe namorar minha mãe não me incomodava, mas minha mãe ficar no bar do meu ambiente de trabalho era algo que me fazia passar vergonha com os tipos de assuntos dela ali. O segundo ponto era que ali era um ponto de drogas sem restrições, cansei de ver pessoas com cocaína ali e eu, ficava na paz com meu baseadinho de leve, mas um dia me revoltou absurdos, nos últimos cinco minutos de expediente, a namorada do filho do meu chefe perguntou-me se tinha um fininho para salvar (tinha um pouco de maconha para ela fumar num português sem gírias), eu amigavelmente dei a ela um pouco e fui embora. No dia seguinte minha mãe me liga gritando e toda surtada perguntando porque eu estava vendendo droga no campo, e eu fiquei tipo “pera ai, que? Que história que te contaram?”… E essa mulher disse que eu vendi a maconha para ela na cara dura e criou um atrito surreal naquele ambiente.
Agora a merda já estava no ventilador e voado por toda a sala, inclusive na cara de muita gente, aquilo me revoltou de tal maneira que abandonei o emprego sem nem avisar ninguém, só faltei e não voltei mais. Naquele mesmo dia que sai, assisti ao filme “A procura da Felicidade” e chorava rios de lágrimas, dá pra perceber que eu choro fácil né!?
Da demissão, em abril, comecei a escrever, fiquei apaixonado pela ideia de escrever um livro, mas que no fundo era uma terapia de mim para mim mesmo para aliviar todo esse estresse acumulado, até esse momento ainda havia mensagens e indiretas para a garota do tumblr, então resolvi reatar esse pseudo-romance, numa conversa pelo whatsapp, convidei-a para almoçar em casa, depois de dias e alguns papos e farpas, ela me solta um “você é pobre, eu odeio gente pobre” …. A cara, eu perdi a paciência totalmente com mulher, aquilo foi a gota d’água, exclui a conta do tumblr e, para minha surpresa e alívio, alguns dias depois, ela também excluiu. Minha reação foi “ufa, eu não estava louco!”.
https://www.youtube.com/watch?v=JRqK1UKb25I
Em junho, aniversário da minha irmã menor, minha mãe anuncia que está grávida da minha terceira irmã (sou o mais velho entre os quatro), e eu fiquei completamente revoltado com a situação, fiquei descontrolado, e sai da festa para casa chorando de raiva no caminho, já choraram de raiva em público? Eu já! Muitas vezes, e algumas delas eu menti sobre o motivo até!
Aí começou a fase mais trágica da minha vida. Comecei a escrever textos na internet puto com a vida, com o governo, com o futebol, com a economia, me fiz um militante do ódio, aos poucos, amigos próximos perceberam, quando na casa de um amigo, simplesmente fui embora dizendo nada com nada no meio da madrugada, e nisso aconteceu uma das coisas mais bonitas que já fizeram por mim, em um comboio de 3 ou 4 carros, me levaram ao hospital para uma consulta psiquiátrica, claro que me fiz de normal e voltei pra casa (no fim do post agradeço melhor essa ação).
Alguns dias depois, dormindo na casa da minha mãe, tive uma insônia completamente fora do comum, estava tremendo de nervoso, meu cérebro estava planejando a última sinfonia da trilha sonora da minha vida. Peguei um lápis e escrevi nas paredes do quarto da minha irmã, mensagens de amor, carinho, ódio, coisas que queria, escrevi nomes de pessoas marcantes em diversos momentos da minha vida, estava me arrumando para sair de casa rumo à escuridão!
Mas Deus escreve certo por linhas tortas, me deu uma vontade de cagar, e enquanto estava no banheiro minha mãe apareceu no quarto e viu todas as paredes rabiscadas, meu plano foi por água abaixo, voltei ao hospital no qual mandaram-me para a casa pessoal do psiquiatra e ser avaliado.
Óbvio que não mencionei que ia cometer suicídio, mas disse coisas completamente fora da realidade, dizia que muitas coisas que assistia na TV, eram similares a muitos aspectos da minha vida, e ele ouvindo atentamente, comecei a ligar pontos de muitos programas e tudo o que dizia com minha vida, história, e explicava intensamente o porque tal coisa parecia com tal coisa. O psiquiatra ouviu tudo em silêncio, chamou os meus pais e disse em alto e bom som “seu filho tem esquizofrenia, vou receitar um remédio chamado olanzapina, no qual ele terá te tomar sob acompanhamento psquiátrico”.
Eu nunca tive uma expressão facial de derrotado mais impactante com o que acabara de ouvir na consulta. Dali em diante tudo e todos passaram a me tratar como de vidro, era dose de 10mg desse remédio todos os dias, sem parecer ter fim, os efeitos fez com que eu me sentisse dopado, sem vontade de levantar da cama, com uma fome incontrolável a ponto de comer colheradas de açúcar puro durante o dia, engordei 16kg em poucas semanas, fiquei cada vez com menos vontade de interagir com o mundo lá fora e com mais vontade de entender o meu mundo interior, tudo estava despedaçado, em pequenos pedaços que não davam para encaixar, nem remodelar, muito menos substituir.
Depois que aceitei o remédio, dei um sermão na minha mãe, expondo todas as vezes que levei surra por motivos desnecessários, dizendo que fui mal-tratado e tudo o que ocorrera entre nós que eu sempre fiquei calado. Também fiz isso com meu pai, já saímos na porrada, de tão transtornado que estava.
Meu pai, gritava para que eu tomasse o remédio, era “remédio acima de tudo, terapia acima de todos”, e tudo o que eu fazia, seja apenas descer, jogar bola, por exemplo, incomodava-o, para o meu pai, eu tive de virar um robô sem sentimentos, escravo do remédio. Foram tempos que eu não tinha força nem para chorar, e pela primeira vez deixei de ser um chorão.
A vontade de suicidar estava emanando uma energia poderosa no meu espírito, era como se eu tivesse com muita vontade de sair desta para melhor, ou pior… numa manhã em que não eram nem 7 horas, mandei uma mensagem para um amigo de escola dizendo que ia me matar, e dessa vez o plano era pegar os R$300,00 guardados e fugir para a cidade mais longe que esse dinheiro poderia me dar, e simplesmente me apodrecer livre de tudo e todos, com a morte que eu tanto desejava… Mas ele estava acordado e alertou amigos do meu prédio que correram atrás de mim logo que saí do condomínio.
Mais uma vez, meu plano falhou… Mas que ingênuo eu, quem que quer se matar e avisa antes? Talvez eu realmente precisasse ver na prática amigos se importando com minha presença, puro egoísmo, confesso. Talvez eu só queria um ombro amigo, mas mais uma vez, inventei uma história nada a ver com a realidade, só para não falar que eu realmente ir fugir da cidade.
https://www.youtube.com/watch?v=7M7aSWQ1OVw
Outra cartada para me matar me veio alguns dias depois… A psiquiatra nova abaixou a dosagem diária para 5mg, lendo a bula descobri que 40mg de olanzapina pode ser fatal, não pensei duas vezes e fiquei vários dias fingindo tomar o remédio, no tão esperado 8º dia, juntei 8 comprimidos e tomei de uma vez por volta das 20h de um dia e fui dormir. Não me lembro de ter sonhado, não lembro de sentir nada, e nem sei na prática os efeitos colaterais que aquilo deu, talvez Deus realmente não queria que eu morresse e eu acordei exatamente por volta das 20h do dia seguinte, eu literalmente dormi por 24h, levantei com dificuldades em dobrar os braços e pernas, me sentia mais pesado, fui tomar banho e não conseguia nem chorar, só ficava perguntando a Deus “por quê você não me leva logo, já deu, chega!”
Mais alguns dias e eu tive um surto de raiva, comecei a quebrar copos, canecas, pratos, arranquei a tela da varanda do meu apartamento no 8º andar, me debrucei no corrimão, e fui me jogar lentamente rumo ao chão. O que vou relatar aqui é verídico e minha antiga vizinha é testemunha: Quando eu já estava deixando de tocar os pés no chão para cair, me veio uma força incontrolável, um sopro, um vento e voltei a ficar de forma ereta e caí no chão, respirando mais rápido que após uma partida de futebol e eu falei comigo mesmo “não! Eu não posso morrer agora, eu ainda preciso calar a boca de muita gente”
Comecei a maratonar filmes na Netflix, zerei os filmes de máfia, depois zerei os filmes de romance, assisti “How I Met Your Mother” e me apaixonei pela trágica e triste vida de Ted Mosby procurando uma parceira de vida, uma tarefa simples, mas que na prática parecia uma piada.
O ano de 2016 foi mais um ano de ficar em casa, escrevendo e buscando o sonho de escrever um livro, na época queria escrever um romance policial sobre vingança. Comecei a ter sonhos que pareciam mensagens para minha alma, já fui religioso de ir em igreja no domingo, e acordava arrepiadíssimo, sonhava com meu avô, sonhava com pessoas que eu nem me lembrava mais conversando comigo, e me agradecendo, e todo dia eu me arrepiava de maneira diferente. Se eu te contar que Deus existe, acredite! Ele existe, parecia que eu estava conversando com meu anjo da guarda e tudo aquilo me fazia, aos poucos, me livrar da vontade de cometer suicídio.
Já a muitos anos sem ver fórmula 1, um dia acordei com a televisão ligada no GP da Malásia, no momento em que Lewis Hamilton chora no rádio ao ver o motor pegando fogo, assisti a vitória de Nico Rosberg e firmando como o rival capaz de derrotar o mestre no braço. Me lembrei da minha infância, onde eu sempre quis ser o Michael Schumacher, mais do que ser ele, vencer ele, sempre sonhava isso, e isso me fez levantar aos domingos novamente para ver o fim dessa temporada, confesso que estava torcendo pelo Rosberg vencer o Hamilton (um fenômeno tanto quando Schumacher) e realizar aquilo que eu tanto sonhava na infância.
Mas foi no Grande Prêmio do Brasil de 2016 que eu senti uma alegria e um brilho no olhar que eu não tive em nenhum momento nesta década. Interlagos e chuva é a combinação perfeita para uma corrida emocionante, claro que as Mercedes dominantes estavam à frente, mas a Red Bull havia um jovem piloto que me chamou a atenção pela maneira em que Galvão Bueno e Reginaldo Leme falavam sobre ele.
O jovem holandês fez uma corrida de tirar o chapéu, fez inúmeras ultrapassagens, inclusive chegou a ultrapassar uma das Mercedes, Rosberg, e começava a caçada ao primeiro lugar com um carro de menor potência comparado à poderosa Mercedes.
Mas aconteceu um erro que mudou a minha vida para sempre, a cada ultrapassagem xingava alto “porra de Verstappen”, impressionado torcendo para ele ganhar. Mas o cara na curvinha antes da entrada dos boxes perdeu o controle do carro, e naquela altura, pelo menos uns 3 ou 4 carros já haviam saído da corrida por rodar e bater justamente ali, coloquei as duas mãos na cabeça gritando “nãaaaaaao Verstappen”…
E o cara pisa no freio com o volante virado ao máximo, tira o pé do freio, acelera, conserta o carro antes de bater no muro e volta para a corrida, neste momento eu levantei do sofá gritando “COMO VOCÊ FEZ ISSO? COOOMOOO? PORRA DE VERSTAPPEN”…
https://www.youtube.com/watch?v=tf71xPW2Ej0
Verstappen perde a segunda posição, mas termina em terceiro. Foi um erro, mas foi o erro mais necessário para que essa corrida fosse perfeita. Todas as ultrapassagens me fascinaram naquela corrida, todos diziam o quanto Senna era excepcional na chuva, embora vi na íntegra corridas antigas, ver o Verstappen perder o carro e consertar antes de barter onde 4 pilotos bateram, fez meus olhos lacremejarem, era o nascimento de novo ídolo do esporte, era como Mônaco 1984 com Senna.
A corrida acabou com ele em terceiro e faço as palavras de Galvão Bueno as minhas: “Quem chegou em primeiro foi o Hamilton, mas quem ganhou a corrida foi o Verstappen!”
Foi inacreditável, nunca tinha visto ninguém guiar o carro como ele. Aquilo me deu uma vida nova, um ânimo. Max Verstappen devolveu minha alegria de viver! Embora seja um pouco arrogante por personalidade própria, devo admitir que ele é o maior ídolo do esporte na minha vida, ainda não ganhou título. Essa corrida do Brasil foi um choque de autoestima, foi sobre consertar erros que parecem impossíveis de consertar.
Estava afoito, aos poucos fui retomando minha vida, mesmo que me afastei de inúmeras pessoas, sei que não posso trazer esse tempo perdido de volta, fiquei extremamente feliz em voltar a sorrir, em procurar coisas que me prendem a atenção. Atualmente sou estudante de jornalismo, quem sabe não realizo o sonho de cobrir Max Verstappen pessoalmente e agradecê-lo por esta corrida.
https://www.youtube.com/watch?v=oMfMUfgjiLg
Em 2018, no Brasil Game Show, como jornalista da Alternativa Nerd, tive o prazer de guiar num simulador profissional de Fórmula 1, no qual perdi o controle na Eau de Rougue, curva mais famosa da Bélgica, e consertei o erro da mesma maneira que Max, após pisar na grama, não desisti e voltei para o traçado sem bater no muro, mesmo que já não podia bater o tempo que o dono do simulador estipulou, fiz um segundo e terceiro setor extraordinário, com direito à perder a traseira e consertar na hora numa curva a lá Gilles Villeneuve. Me senti o Max Verstappen em pessoa ali.
Esse post eu agradeço imensamente à todos que me levaram ao hospital no dia em comecei a ter surtos, embora não fale com muitos deles hoje, expresso aqui minha eterna gratidão! Também em 2018 finalmente entendi porque chorava fumando maconha lá no colegial, claro que era pelo fato do meu grande amigo Guilherme Vellozo ter falecido, mas o porque dele ter sido tão importante… Eu tive muitos problemas psicológicos, com surras desnecessárias em casa e bullying na escola, eu me recusava a admitir que eu era bullyinado porquê eu não sou santo, eu zoei e até desrespeitei verbalmente muita gente, mas algumas pessoas, não todas, cometeram atrocidades com as palavras, que eu ouvia em silêncio, me recusava a responder na mesma moeda, mas aquilo me corroeu por dentro sem que percebesse.
O Eminem (assim era o apelido do Gui), apareceu na sexta série meio que me seguindo e fazendo piadas justamente com as pessoas que me bullyinavam. Ele me fez rir e zoar sobre tudo e todos, inclusive eu mesmo, e não levar nada que eu ouvia a sério. Saiu da escola para tratar da leucemia e voltou justamente em 2011, dias antes dele falecer, ele veio até mim e me cumprimentou, mas eu não fui tão amigável com ele, talvez por falta de convívio nos últimos anos, não nos falamos quando ele saiu, dias depois, soube da morte dele.
Tinha muitas coisas que eu me arrependia na vida, mas não ter dado um abraço nele naquele dia na fila da cantina em que veio me cumprimentar é o único arrependimento que eu tenho na vida, ele se foi sem um abraço, sem uma retribuição, sem um agradecimento, ele se foi sem eu ter a chance de retribuir à ele em vida o que ele fez por mim sem nem saber na sexta série, então em nome dele, eu quero retribuir pessoas que estejam passando por dificuldades psicológicas assim como ele me ajudou, sorrindo, contando piadas, zoando as pessoas, zoando nós mesmos sendo um grande amigo! Isso é algo que demorei 7 anos para entender… Eu tenho medo de abraçar as pessoas até hoje, eu me tornei alguém frio, não porque sou frio, mas porque essa mágoa me assombra sempre.
https://www.youtube.com/watch?v=MkoeqtKUUe4
Agora vocês querem saber a verdade sobre toda esta história?
Quando ainda estava em greve na USP, em maio de 2014, faltando poucos minutos para o início da aula de um professor que não aderiu a greve, recebo uma mensagem da minha mãe. Ela mandou uma foto com o olho roxo, um pouco descabelada, com a boca inchada, de cara totalmente quebrada. Fiquei completamente maluco com aquela situação e eu perguntava o que aconteceu mãe? E ela respondeu que o namorado dela a agrediu daquele jeito…
Eu fiquei pasmo, fiquei em choque, dias depois roubaram o meu celular e eu nunca mais tive essa foto para comprovar essa história. A minha vontade de matar ele era tão grande, que deixei a faculdade, a auto escola e o trabalho de lado, eu me perdi em sentimentos, pensamentos e emoções que não desejo à ninguém. Depois disso, minha mãe volta, se casa com ele, me chama para ser padrinho do casamento dela com o cara que a agrediu, engravida dele e diz que eu que estou errado! O resto é história…
Eu me senti completamente traído pela minha própria mãe, e perdi o rumo da minha vida. Se um dia você me ver falando sozinho na rua, por favor, não me chame de louco, eu só estou descontando a raiva que não saiu de mim ainda! Mas estou muito melhor hoje a ponto de estar criando laços novos, novos horizontes, novos rumos e, quem sabe um romance para que essa história seja um capítulo definitivamente virado!
Agora eu te pergunto… “Eu tenho esquizofrenia? Ou sou apenas alguém que surtou por ter sido incapaz de defender a própria mãe e sentir-se traído pela mesma?”