“Por você, faria mil vezes”
A obra conta sobre a história de dois amigos, Amir e Hassan, que nasceram e cresceram no Afeganistão na década de 1970; Amir é um garoto nascido numa família rica, ganhando tudo que deseja, porém vive almejando a aprovação de seu pai; Hassan veio de uma família humilde, sendo seu pai um simples empregado na casa do pai de Amir. Sendo assim, considerados de “raças” opostas, ambos viviam unidos – mesmo com brincadeiras maldosas de Amir contra Hassan, dividindo gostos similares.
O autor, Khaled Hosseini, mostra com maestria ambos os lados da sociedade do Afeganistão durante aquela época no olhar dos dois garotos. Amir pode frequentar a escola e tem vários amigos, enquanto Hassan vive ocupado dos afazeres domésticos e não sabe nem ler e escrever. Hosseini constrói muito bem as personalidades diferentes dos amigos, como Hassan é leal e corajoso, Amir é egoísta e covarde.
A história se passa na cidade de Cabul, onde todos os anos havia uma competição de pipas – um dos gostos que ambos jovens dividiam. A competição consistia em diversas crianças levando suas pipas ao céu e tinham que cortar a linha dos outros, o último que conseguisse ficar com a pipa intacta ganhava; Hassan era um hábil caçador de pipas, como se soubesse onde as pipas cortadas iam cair sem observá-las. Porém durante a competição que ambos participam, os rapazes se perdem e algo terrível acontece com Hassan, no qual o rapaz tem sua personalidade mudada completamente, e Amir se culpa durante anos pelo o que aconteceu com seu amigo.
Alguns anos se passam, e uma guerra eclode no Afeganistão fazendo que Amir e seu pai busquem abrigo nos Estados Unidos. Entretanto, após vinte anos, Amir recebe um telefonema de um amigo que o convida voltar a sua terra natal, com isso, se redimir com a culpa que carregou durante os últimos anos.
“Abri a boca e quase disse algo. Quase. O resto da minha vida poderia ter sido diferente se eu tivesse dito alguma coisa naquela hora. Mas, não disse. Só fiquei olhando. Paralisado”
Khaled Hosseini utiliza a primeira pessoa durante o livro inteiro, na visão de Amir; ora ou outra, usa termos árabes que podem ser entendidos pelo contexto e algumas vezes traduzidos. Os ambientes são muito bem descritos e contextualizados: como era o país nos anos 70, conflitos e guerras, contraste das vidas das pessoas na sociedade com uma grande desigualdade, o preconceito, entre outros. Tudo contribuindo para o enriquecimento da história.
A obra é emocionante, carregada de sentimentalismo. Não é um livro com um final triste e nem feliz, Hosseini nos entrega um final agridoce; deixando os leitores emocionados com algo mais realista e condizente com a realidade apresentada no decorrer do enredo.
A cultura afegã, o valor da amizade, o arrependimento e culpa que corrói o psicológico; carregando a reflexão de cada ação que cometemos e como farão influencia no nosso futuro e de todos que nos rodeiam. Algo único, comovente e humano.
Temos como sinopse oficial:
“O romance narra a tocante história da amizade entre Amir e Hassan, dois meninos que vivem no Afeganistão da década de 1970. Durante um campeonato de pipas, Amir perde a chance de defender Hassan, num episódio que marca a vida dos dois amigos para sempre. Vinte anos mais tarde, quando Amir está estabelecido nos Estados Unidos, após ter abandonado um Afeganistão tomado pelos soviéticos, ele retorna a seu país de origem e é obrigado a acertar as contas com o passado”.
O livro O Caçador de Livros de Khaled Hosseini é publicado no Brasil através da Editora Globo, contendo 350 páginas. É possível ser encontrado em diversas livrarias e plataformas online por todo o Brasil.