Eu vou tentar soar o mais normal possível ao escrever esta resenha, mas saibam todos que meu coração ficou totalmente esmigalhado pela perfeição literária que foi a leitura de Corte de Espinhos e Rosas (principalmente o segundo livro).
O reino feérico é temido e odiado pelo reino humano. Uma muralha invisível foi erguida entre eles depois da grande guerra, e os povos se separaram. Quando Feyre, uma garota humana, assassina um deles, no entanto, um antigo Tratado é trazido a tona, e uma vida deve ser paga por outra.
Feyre é levada até a Corte Primaveril com a sentença de nunca mais retornar ao mundo humano por causa da vida que tirou. Presa a um lugar que sempre odiou, cercada por criaturas fantásticas assustadoras, Feyre vê sua realidade despencar num mar de incertezas conforme confronta as verdades que acreditou por tanto tempo; estariam os monstros realmente daquele lado da muralha?
“Houve um tempo – há muito tempo, e durante milênios antes disso – em que éramos escravos dos senhores Grão-Feéricos. Houve um tempo em que construímos para eles gloriosas e extensas civilizações, com nosso sangue e suor, construímos templos para os deuses selvagens. Houve um tempo em que nos rebelamos, em todas as nossas terras e territórios. A Guerra fora tão sangrenta, tão destrutiva, que foi preciso que seis rainhas mortais oferecessem um Tratado para que o massacre terminasse dos dois lados e para que a muralha fosse construída: o Norte do nosso mundo foi concedido aos Grão-Feéricos e aos feéricos, que levaram sua magia com eles; o Sul ficou para nós, mortais covardes, eternamente forçados a tirar o sustento da terra.”
Sarah J. Maas, mais uma vez, nos entrega uma obra prima. Entre um romance de tirar o fôlego e uma releitura genial de A Bela e a Fera, a escritora do best-seller e também meu queridinho, Trono de Vidro, constrói uma nova série tão encantadora quanto a já conhecida.
Corte de Espinhos e Rosas é narrado por Feyre, uma humana pobre e desesperada que só sabe sobreviver. Desde que o pai faliu, Feyre passa os dias caçando, vendendo o que caçou e colocando comida na mesa. Suas duas irmãs nada fazem além de reclamar e desejar o luxo de volta, e o pai está miserável por sua condição física e emocional desde a falência. Quando Feyre encontra um animal estranho na floresta, com a desconfiança de se tratar de um feérico, ela usa sua flecha especial para abater a criatura.
Feyre.
O ódio que construiu todos aqueles anos dos temidos e desconhecidos seres místicos que vivem do outro lado da muralha a guiou, e as consequências são estrondosas; uma fera bate à sua porta e reclama sua vida como recompensa pela morte da criatura mágica. Feyre é levada para lá da muralha, até a primeira das Cortes mágicas, e passa a conhecer todo um novo mundo acompanhada dos nobres que vivem no castelo.
Tamlin é a Fera. Um feérico marcado pelo passado sombrio e por uma praga que devastou todo o reino mágico; seu rosto é meio coberto por uma máscara dourada, tal como o de todos os súditos da sua corte, e não há maneira conhecida de quebrar o encantamento daquela maldição. Feyre passa conhecê-los sem nunca ver seus rostos por completo, passa a entendê-los sem nunca entender o que os deixou assim. Feyre encontra humanidade nas criaturas mágicas, e encontra uma vida onde ela possa realmente viver.
Tamlin.
Uma coisa sobre Tamlin e Feyre que poucos sabem, é que se trata de um relacionamento abusivo, desde o começo de tudo, só que por ser narrado pela visão da Feyre (vítima), não da para deixar isso totalmente claro.
O contraste que a Sarah deu à realidade da Feyre antes e depois de cruzar a muralha é admirável. Ela era uma garota miserável, sozinha e sombria, cujo único propósito na vida era manter a família viva – tudo por causa de uma promessa feita à mãe no leito de morte. Os sonhos de Feyre resumiam-se a casar as irmãs para ter um tempo só para ela. Para que pudesse admirar as cores que compunham o mundo e, quem sabe, pintá-las em suas amadas telas. Na Corte Primaveril, pela primeira vez, Feyre pode observar o mundo sem se preocupar com alguém que não ela. Nem tudo são flores, claro, e tal como há bons feéricos, há monstros e criaturas horrendas espreitando nos bosques para atacá-la. Há feéricos sombrios se erguendo em cantos longínquos do reino para se erguer contra as cortes.
“Olhei para Tamlin, e meu coração se partiu de vez.
Era Tamlin, mas não era. Na verdade, era o Tamlin com quem eu tinha sonhado. Sua pele reluzia com um brilho dourado, e, ao redor de sua cabeça, um círculo de luz do sol resplandecia. E os olhos de Tamlin… Não eram apenas verdes e dourados, mas de todos os tons e variações imagináveis, como se cada folha da floresta tivesse escorrido e formado um único tom.”
Ambos sofreram muito durante toda a vida. Ambos dedicaram toda a sua existência a outras pessoas, e ambos se machucaram por causa disso. A compreensão leva aos sorrisos que leva ao inegável fato de que há desejo entre eles. Um desejo ardente, feroz, ancestral. Quando esse desejo é finalmente explorado, RAPAZ…
“Meu mundo inteiro se restringiu ao toque de seus lábios em minha pele. Tudo além deles, além de Tamlin, era um vazio de escuridão e luar.”
Tamlin é uma fera perigosa, de coração indomável, e é tão forte quanto é frágil. Imortal, quebrado pelas escolhas do passado, já viu e viveu muito, mas ainda há coisas que Feyre tem para mostrar, sentimentos que ele pode descobrir ao lado dela. É uma releitura de A Bela e a Fera, afinal, e a Sarah intrincou todos os detalhes da história ali com maestria.
A parte feérica da história é poderosa, misteriosa e muito incrível. Eu amei o reino deles, amei as histórias e o passado horrendo envolvendo a grande guerra. Em determinado ponto do livro, chegamos até o motivo pelo qual a praga foi lançada sobre a corte de Tamlin e o porquê de Feyre ser tão especial para ele; quando ela é a única esperança de salvar Tamlin, quando ele se torna a donzela indefesa e Feyre precisa lutar para libertá-lo, AI A COISA FICA TENSA!
Além dos protagonistas, Rhysand(MEU BEBÊ), Lucien e Nestha roubam a cena sempre que aparecem.
Rhysand.
Rhysand é o Grão-Senhor da Corte Noturna. É um feérico que nasceu e cresceu nas sombras, extremamente poderoso e inquebrável. Ele faz parte dos súditos da senhora Amarantha – não vou me estender falando dela, deixo para vocês descobrirem e surtarem com o livro – e tem seus planos para deixar de ser parte dela.
Rhysand é o completo oposto de Tamlin e Feyre; vil, perturbado e extremamente perigoso, ele tem um humor afiado e uma presença marcante, e com certeza uma participação gigantesca na continuação dessa trilogia! Quero mais dele. Quero saber o seu passado, quero entender porque ele nunca parece sentir nada, ainda que a gente saiba que ele está sentindo mais do que todo mundo ali. Amei, mas tem uma problemática que precisa ser consertada ou muito bem explicada.
“- Agradeça por seu coração humano, Feyre. Tenha piedade daqueles que não sentem nada.”
Lucien, é o melhor amigo de Tamlin. No começo, ele é cruel e frio e extremamente irritante com a Feyre, especialmente porque ela foi responsável pela morte de um feérico amigo seu. Mas, com o tempo, Lucien se desdobra em um personagem volúvel bastante marcante e querido, com emoções trincadas graças a memórias horrendas que o assombram até hoje. Também com o rosto coberto por uma máscara, tudo o que sabemos é que ele tem uma cicatriz no rosto e um olho faltando; a história de como ele conseguiu eles é de partir o coração. Amei o bromance dele e do Tamlin e as tiradinhas que ambos dividiam de vez em quando, e amei ainda mais como a Feyre se aproximou e amou Lucien como um irmão e um amigo.
“- Eu estava ocupado. E você também, pelo que sei.
– O que isso quer dizer? – indaguei.
– Se eu oferecer a você a lua em um barbante, vai me dar um beijo também?
– Não seja babaca. – disse Tamlin.”Lucien.
Nestha, a irmã mais velha de Feyre, apareceu pouco, mas marcou os melhores momentos. Mesquinha e frívola, Nestha foi tão bem trabalhada que, no fim do livro eu só queria abraçá-la para sempre. O que a família delas passou foi um baque e cada uma das irmãs suportou do jeito que podia. Nesta criou essa muralha, e se fortificou e perdurou fortemente por causa dela.
“Todos os monstros foram libertos de suas jaulas esta noite.”
Nestha.
Em determinado momento, a personagem está com um vestido violeta e na página seguinte, ele é cor de sangue. A vilã tem “os cabelos ruivo-dourados” e, em outro momento do livro, ela está sentada no trono e “Os cabelos pretos brilhavam”. Não sei se a própria autora foi se enganando ou foi a Tradução. Provavelmente foi a Tradução.
Corte de Espinhos e Rosas é um romance fantástico, com elementos conhecidos e situações surpreendentes. O final do livro vai te quebrar o queixo de tanto que ele vai cair, então se prepare. Feyre e Tamlin vão roubar seu coração e, se eles não o fizerem, os outros farão. Além da muralha invisível, o reino feérico os aguarda com uma história de amor arrebatadora.
“E quanto ao Rhysand?” Aguarde, jovem leitor. 😉
Trailer feito por cosplayers fãs da trilogia