Hoje foi o dia mais feliz da minha vida, foi a primeira vez que me senti um jornalista pleno, um jornalista de verdade, um mero boçal ao lado de gente decente numa coletiva de imprensa hahahaha É isso mesmo que está pensando, à convite da Alternativa Nerd, fui assistir com uma porrada de jornalistas, o filme O nome da Morte, do escritor Klester Cavalcanti e dirigido por Henrique Goldman. Confira só a crítica exclusiva!
SINOPSE:
Júlio Santana é um pai de família, homem caridoso e um orgulho para os seus pais. No entanto, ele esconde outra identidade sob a fachada exemplar: ele é um assassino profissional responsável por 492 mortes. Baseado em fatos reais.
Eu amo mesclar personagens com o lado psicológico e com músicas, eu sempre tive convicção que o gosto musical de uma pessoa define a pessoa muito mais do que as palavras que saem de sua boca…Vamos contar um pouquinho da história de Júlio Santana, protagonizado pelo super ator Marco Pigossi é um rapaz humilde do interior que não tem nenhum tipo de personalidade fora da curva ou que se destaque, muito pelo contrário, sujeito tímido que é sempre na dele, mas que, por uma grande obra do destino, tem um talento indescritível em usar arma…Numa caça com o tio, no primeiro tiro acerta o alvo certeiro e perfeitamente…O tio, Cícero, atuado pelo ator André Mattos, o encoraja a sair da roça e ir para a cidade fazer o concurso para entrar na Polícia Militar. Mas logo descobre que o verdadeiro trabalho do tio é ser pistoleiro, matador de aluguel. Nosso protagonista, de boa índole e princípios religiosos, se depara com o outro lado da moeda da vida, a morte. E não é ver a morte de maneira natural, é ver a morte de terceiros como sua profissão…Então, ninguém melhor que Guns n’ Roses para fazer esse tributo musical para Julio Santana, para quem não sabe, Guns n’ Roses foi uma lendária banda de rock nos anos 80, explodiu enormemente já no primeiro ~ e melhor ~ álbum Appetite For Destruction, entre os integrantes, o ícone guitarrista Slash e, famoso por ser a figura mais bipolar do cenário do rock, o vocalista Axel Rose.
Guns n’ Roses – Welcome to the jungle
In the jungle
Welcome to the Jungle
Watch it bring it to your
Knees, knees
I wanna watch you bleed
Focando na parte política da história, Julio Santana matou 492 pessoas e, SÓ FOI PRESO UMA VEZ, e que foi solto no dia seguinte. Sabemos que é inevitável essa profissão existir, se um recusar o trabalho, outro aparecerá e o sujeito marcado será morto. Mas será que todas as 492 pessoas mereceram morrer? Tem muito contexto político por trás, é prefeito, deputado, sargento, entre outros todos que deveriam estar ali para punir quem mata são exatamente quem manda matar. Isso dá para mudar ou é algo impossível de conviver sem num sistema político?
Na história real, por trás dos bastidores, o escritor do livro que deu origem ao filme Klester Cavalcanti, conta que o que motivou a escrever, foi quando, lá atrás, em 1999, cobria uma notícia sobre o mercado escravo que ainda existe no país e que, quando um escravo tentava fugir, um pistoleiro ia lá e matava para os outros escravos terem medo de fugir. Indo mais a fundo na conversa, se interessou em saber sobre a vida de um pistoleiro e que, por audácia ou imprudência de quem deu o contato, disse para ligar tal dia e tal hora em um número público, instigado pelo jornalismo, se sentiu muito surpreso ao saber que Julio Santana não só contou a vida dele, como também aceitou que usasse os nomes reais na história e sem esconder nada. Foca ni mim meus leitores, O CARA MATA 492 PESSOAS, NÃO FOI CONDENADO POR ISSO E RESOLVE MOSTRAR EM SÉTIMA ARTE COM NOMES REAIS O QUE ELE FEZ!!!! Mas olha a audácia do maluco tio, traga um mito pra esse oscar!! ~ não quero dizer que apoio a matança dele, pelo amor de Deus, nesses tempos de mimimi, não venha de mimimi pra mim aqui hein ~
Guns n’ Roses – Breakdown
https://www.youtube.com/watch?v=M9YxdkJmfHs
When I look around
Everybody always brings me down
Well is it them or me well I just can’t see
But there ain’t no peace to be found
But if someone really cared
Well they’d take the time to spare
A moment to try to understand
Another one’s despair
Remember in this game we call life that no one
Said it’s fair
É surreal assistir um filme em que o maluco tem que mentir para dizer a verdade, que o cara tem princípios familiares, é super amoroso com sua mulher e filhos, trabalha para a polícia militar, mas o que coloca comida na mesa é o trabalho de pistoleiro. Ele não sente nenhum prazer em matar, só faz isso pelo talento nato em usar uma arma. Na verdade, é bem religioso e reza uns 10 ave-maria antes de dormir ou quando lembra de alguém que matou.
A trama contém um romance com Maria, com Fabiula Nascimento como atriz, e este relacionamento está marcado e recheado de pontos psicológicos envolventes e cativantes. A impressão que tive ao ver o filme é de ver um Júlio com transtorno bipolar no início de sua carreira e até um complexo de dupla personalidade, como se fosse o garoto de boa fé, mas ao pegar na arma virava outra personalidade, mas que ao sentir segurança, vai unificando seus extremos, já sua amada é uma garota totalmente retraída, não socializa com ninguém, vive no mundinho dela no bar do avô e para Júlio conquistá-la foi uma lábia tremenda, por que ela não fala com ninguém e são sempre respostas rápidas e prontas, olha…a desconfiança sobre terceiros, desilusões amorosas e afetivas do passado e falta de perspectiva do futuro nos fazem viver como um robô e, quando ela se sente segura ao lado dele, deixa uma nítida impressão de como um foi feito para o outro e, como ambos se ajudam muito.
Guns n’ Roses – Locomotive
https://www.youtube.com/watch?v=5yAzij7livk
Gonna find a way to cure this loneliness
Yeah I’ll find a way to cure the pain
If I said that you’re my friend
And our love would never end
How long before I had your trust again
“O cara é culpado pelo que fez, por tudo o que fez, mas sua personalidade, sua forma de se expressar, a vida que ele leva, faz com que Júlio seja um culpado passivo, se é que essa expressão existe, é um personagem em desconstrução, de adaptação, de conceitos, de princípios, de tabus, de cultura, de realidade.” ~palavras editadas e acrescentadas por mim do que o ator Marco Pigossi disse em entrevista ~ No país que vivemos, a nossa cultura, a forma como a desigualdade social se escancara diante nossos olhos, a arrogância natural que nós, brasileiros, temos, faz com que um caminhão de fatores externos deixem Júlio Santana muito mais inocente do que culpado, se ele recusasse esse trabalho, eu provavelmente estaria escrevendo sobre outro cara no lugar e a vida é assim tio.
Confira o trailer do filme que estreará no dia 02 de agosto nos cinemas e eu recomendo demais assistir, dá aquele choque de realidade do que realmente o Brasil é!
Se tem um bagulho que eu gosto de fazer é tomar uma boa cervejinha bem gelada!! E, enquanto escrevia esta crítica do filme, tomei uma cerveja alemã Bitburger premium Beer para conter meus ânimos de ter vivido uma experiência jornalística pela primeira vez. Cerveja clarinha, levemente amarga, com um pouquinho a mais de pilsen do que as cervejas nacionais. Minha dica para tomar lendo o livro!